Tem muita gente que vai destacar, nos artigos e análises que inevitavelmente os jornalões publicarão sobre o assunto, os discursos feitos por ele sobre a necessidade de a igreja católica se aproximar dos pobres, da importância dos jovens no mundo, essa conversa toda.
Claro que, se a gente for comparar esse papa com o seu antecessor, vamos achar que saímos da Idade Média para, sei lá, o século XIX - o que, no caso da igreja católica, não é pouca coisa.
Mas se considerarmos que o mundo de hoje não se desloca mais no lombo de burros, não usa apenas o carvão como energia, se levarmos em conta que a informação não depende mais do trabalho dos linotipos para ser publicada, a conclusão inevitável é que o papa Francisco, em que pese toda a sua simpatia, está muito, mas muito distante das necessidades contemporâneas.
Ninguém, é óbvio, deveria esperar que ele já de cara, nem bem assumiu os negócios do Vaticano, fosse, nessa sua viagem, pregar uma revolução aos seus seguidores, ou anunciar que, a partir de agora, os católicos poderiam, pelo menos, usar camisinhas em suas relações sexuais.
Imaginar, então, que a mulher ganharia algum papel de destaque na hierarquia do catolicismo, ou que pudesse, ao menos, decidir o que fazer com o seu corpo, no caso de, por exemplo, uma gestação indesejada, seria demais para o mais otimista dos otimistas.
O papa Francisco foi embora.
Deve agora se inteirar dos enormes problemas que vive a sua paróquia.
Imagino que levou uma boa impressão daqui.
Afinal, tentamos agradá-lo de todas as formas.
Não faltaram criancinhas para ele beijar, multidões a quem falar, missas para rezar.
Mas, descontando o fato de que ele deve ter ajudado um pouquinho a mudar a imagem que os brasileiros têm dos argentinos, a sua passagem pelo país esteve mais para Madonna do que para Madre Teresa de Calcutá.
É um chavão, eu bem que sei, mas Francisco demonstrou cabalmente que o papa é apenas um personagem "pop" e que o mundo está muito, mas muito longe, de mudar para melhor.
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