10 de jul. de 2013

Os EUA nos espionam? Que tal atacar os bolsos de Tio Sam?

Boeing quer vender o Super Hornet para a FAB
enquanto o governo americano espiona  o Brasil

O governo vai levar a escandalosa denúncia de que os Estados Unidos têm promovido uma ampla, geral e irrestrita varredura nas comunicações privadas dos cidadãos brasileiros - uma megaoperação de espionagem, nos mesmos moldes que a superpotência empreende em vários outros países e até mesmo em seu território - até a ONU.


Além disso, pediu explicações para o governo americano, e deve abrir investigação sobre o caso.


São medidas corretas, mas ainda, de certa forma, protocolares e tímidas.

As relações entre Brasil e Estados Unidos são boas, tão boas que a presidenta Dilma Rousseff vai visitá-los, a convite do governo Obama, em outubro - uma visita de Estado, ou seja, a de maior grau diplomático, rara e reservada a representantes de países que os americanos consideram especiais.


Não seria correto, neste momento, abrir qualquer frente de atrito com os Estados Unidos. 


O mundo ainda está mergulhado numa séria crise econômica e o Brasil, embora tenha adotado medidas que têm conseguido afastá-lo do olho do furacão, não pode prescindir de nenhuma alternativa econômica - apesar do avanço chinês, o parceiro comercial preferencial do Brasil ainda são os Estados Unidos. 


Essa forte relação comercial e cultural entre os dois países não implica, porém, a subserviência do parceiro mais fraco em relação ao mais forte.


Se os americanos querem, como dizem, sedimentar uma relação mais íntima com o Brasil, eles têm de aceitar a perda de seu protagonismo regional e a consequente elevação do status brasileiro na América do Sul, além de compreender que é inexorável o avanço dessa nova potência regional e dos outros países que formam o chamado grupo dos Brics (além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), além de outros emergentes, na nova ordem geopolítica global.


Ele não podem, como fazem, agir com seus parceiros e países amigos da mesma forma com que estavam acostumados a atuar há mais de meio século, com seus inimigos reais, potenciais ou imaginários.


O comunismo soviético não existe mais, os Estados Unidos venceram a Guerra Fria.


O terrorismo, novo fantasma que ameaça a superpotência, não tem pátria, abriga-se em todo lugar, até mesmo em solo americano, e seu combate deveria ser uma tarefa de todas as nações, não apenas de algumas.


O governo brasileiro, se quiser ser respeitado pelos seus vizinhos e, principalmente, pelos Estados Unidos, deve reagir duramente a este episódio que mancha a parceria entre os dois países.


Os americanos, como se sabe, são um povo que preza, antes de tudo, o deus dólar, que tem fixação pela riqueza material e pelo acúmulo de capital.


Uma de suas maiores indústrias, a gigante Boeing, é finalista do programa da Força Aérea Brasileira para a compra de 36 caças. Os outros são a francesa Dassault e a sueca Saab. A negociação envolve bilhões de dólares. Os americanos, que já chegaram a barrar a venda de aviões Super Tucano, da Embraer, para a Venezuela, por eles abrigarem componentes "made in USA", estão loucos para mandar seus F-18 Super Hornet para a FAB.


Avisá-los, diplomaticamente, que a Boeing está fora do negócio enquanto esse episódio lamentável de espionagem coletiva não for devidamente esclarecido, com a promessa de que não se repetirá, seria uma medida mais eficaz que as já adotadas.


Afinal, os americanos, mais que ninguém, têm no bolso a parte mais sensível do corpo.


NOVA VIA
- com Crônicas do Motta



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