Por: Fernando Brito
Tijolaço
A imprensa brasileira tem uma enorme dificuldade de enxergar o óbvio e uma capacidade imensa de culpar o “intervencionismo estatal” por tudo aquilo que ela não pode explicar sem desnudar a ganância privada.
Vejam este caso da fuga das gigantes petroleiras americanas e inglesas do leilão de Libra.
Mesmo com a situação escandalosa da espionagem americana, insistem que a decisão – das quatro mais ligadas ao governo americano! – foi provocada pela excessiva participação do Estado no novo modelo, o de partilha.
Ora, estas regras são conhecidas há três anos, não se constituem novidade para ninguém. Como também não são novidade os valores a serem compensados em royalties e em partilha da produção.
Aliás, empresas acostumadas a operar no mundo árabe não podem vir falar aqui, num país republicano, com legislação estável e tribunais regulares, de instabilidade e falta de segurança jurídica para negócios. Ah, tenham paciência.
O Instituto Brasileiro de Petróleo, que é mantido por todas as petroleiras e sempre espelha, por isso, os interesses privados do setor, fez várias reclamações: prazo da concessão, “excesso” de conteúdo nacional, sondas feitas aqui, falta de correção monetária (!) para o desconto do investimento em prospecção e desenvolvimento dos poços…
Nada sobre insegurança jurídica, tanto que as outras estrangeiras ficaram e elas não são doidas, são apenas sete das maiores petroleiras do mundo…
Muito menos é o fato de a Petrobras ser a operadora, obrigatoriamente, dos campos. Elas já são sócias da Petrobras em campos (muitíssimo menores) que a brasileira opera, sem qualquer problema.
A saída destas empresas foi um gesto político, que a nossa mídia não quer ver, porque vê-lo significaria ter de admitir que a vitória da Petrobras no leilão, somada ao que a lei já lhe garante, é um ato de afirmação do Brasil, que está apto e capaz de construir alianças com outros Estados (porque, ao fim e ao cabo, é isso que as estatais chinesas e europeias que ficaram representam) para defender sua autonomia e repelir o ato indesculpável de intromissão em nossa soberania praticado pelos EUA.
As petroleiras americanas e as deles dependentes saíram, sim. Saíram para não perder.
E nós vamos ganhar.
Nem que seja por WO.
A Nova Via - @riltonsp
No Amoralnato
Um comentário:
Eu preferia que a Petrobrás fosse estatizada a parte privatizada e ela operasse sozinha, mas...
Belíssimo artigo!
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