15 de abr. de 2013

Vitória apertada de Maduro deve gerar crise política na Venezuela



Por Eduardo Guimarães
Na noite do último domingo, as redes sociais ferviam enquanto o mundo aguardava o resultado da apuração da eleição presidencial na Venezuela. Ao longo da apuração foram surgindo boatos de que, pela primeira vez desde 1998, a diferença entre o candidato “bolivariano” e o seu principal adversário seria apertada.


Após a divulgação do resultado pelo Conselho Nacional Eleitoral venezuelano, sabendo da diferença menor do que 2% com que Nicolás Maduro derrotou a Henrique Capriles foi possível entender a retórica do oposicionista e de seus aliados ao longo da apuração.
A oposição, enquanto os votos eram contados, começou a divulgar acusações de fraude eleitoral por obra do governo, apesar de reconhecer a solidez do sistema venezuelano de votação, que, como o do Brasil, utiliza urnas eletrônicas.
Pela primeira vez, em mais de 14 anos, pode-se dizer que a Venezuela está literalmente dividida. Assim, não se poderá negar à oposição o seu direito inquestionável de pedir recontagem dos votos.
Não chega a ser um fenômeno que um candidato que encarna a herança de Hugo Chávez, mas que não é ele, tenha vencido por margem tão apertada. Entretanto, uma oposição que já apelou a tentativa de golpe por certo não deverá aceitar o resultado.
Em seu discurso logo após o anúncio do resultado da eleição, Maduro, em lugar de comemorar e falar do futuro, bradava pela aceitação daquele resultado, permitindo ver que já sabe do que vem por aí.
Haverá uma tentativa da oposição de paralisar o país não aceitando a vitória de Maduro nem com recontagem dos votos, pois os resultados da justiça venezuelana vêm sendo desacreditados por ela, como quando decretou a permanência de Maduro no cargo de presidente após a morte de Chávez.
O mais preocupante, em um quadro como esse, é a manutenção da paz social no país vizinho. Já surgem boatos de confrontos entre opositores e governistas. Os derrotados podem simplesmente sustentar as acusações de fraude e, assim, incentivarem a radicalização de parte a parte, o que já foi feito em 2002, com os resultados trágicos que se conhece.
O estímulo à radicalização em 2002 gerou dezenas de mortes e centenas de feridos em choques pelas ruas de Caracas. Agora, o quadro que brotou da eleição de domingo propicia a retomada do ímpeto golpista da direita midiática venezuelana. E o pior: tal ímpeto pode se propagar como fogo pela América Latina.

NOVA  VIA

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