Paulinho da Força: a situação está ruim? Vamos piorar, então |
Mas essa tal de "greve geral" marcada pelas centrais sindicais para o dia 11, quinta-feira, "em defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores", como diz a Força Sindical, a principal articuladora dos protestos, não poderia vir em pior hora.
Dá até para entender que a Força Sindical e outras centrais menores se assanhem com essas manifestações.
A Força sempre foi isso aí, uma organização que tem dono faz tempo, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, que sobrevive politicamente graças ao seu eterno cargo de presidente da central, e de um impressionante vai e vem ideológico, rifando seu apoio aos governos de ocasião com uma desenvoltura digna dos vertebrados mais flexíveis.
As pequenas centrais, umas ligadas à esquerda infantilóide e outras descaradamente pelegas, nem contam, pela própria insignificância - se não fosse a generosa e lucrativa legislação trabalhista, sequer existiriam.
O que é difícil de entender é a CUT, a maior de todas as organizações sindicais do país, com uma história repleta de episódios que engrandecem a luta dos trabalhadores, embarcar numa aventura dessas.
Não é que faltem motivos para reclamar do governo.
Tanto Lula como Dilma, apesar de toda a agenda social que marcou e marca suas administrações, têm se mostrado titubeantes no que se refere à agenda trabalhista.
Claramente deram prioridade às demandas empresariais, tiveram pouca interlocução com as lideranças sindicais, pouco se importaram em construir pontes sólidas entre Brasília e esse importante segmento social.
Apesar disso, este não é o momento para os trabalhadores partirem para um confronto aberto com o governo federal.
A conjuntura política pede um pouco mais de calma, até que a situação fique mais clara, até que o país retome a inteira normalidade.
Jogar gasolina na fogueira, como provavelmente ocorrerá na quinta-feira, é apostar no "quanto pior, melhor".
E essa aposta interessa apenas às forças que lutam não a favor, mas contra a democracia, não a favor, mas contra os direitos dos trabalhadores.
Acreditar no que fala o deputado Paulinho é dar força aos mais abjetos seres políticos existentes no país - esses que fazem de seu trabalho, um dos mais importantes da República, um balcão de negócios aberto dia e noite.
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